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ONU aprova aborto
Negar a reencarnação favorece a aprovação do aborto
Luiz Carlos D. Formiga
O Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto, ao fazer a “Convocação Internacional em Prol dos Direitos e da Dignidade do Ser Humano e da Família”, comenta que os grupos responsáveis pelos maiores números de abortos no mundo são bem vistos por muitos Estados Membros das Nações Unidas (1).
Esses grupos radicais pró-aborto serão recebidos pela ONU, no dia 10 de dezembro de 2008, com vários abaixo-assinados, quando farão a exigência do direito universal ao aborto. Isto é preocupante. Na “Convocação Nacional” o Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto informa que poderosas fundações norte-americanas repassam milhões para promover o aborto na ONU e ao redor do mundo.
A Doutrina Espírita é desconhecida no planeta. São poucos os que leram o Livro do Espírito Vitor Hugo, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco. Nele o espírito adverte profissionais de saúde que se dedicam a esse procedimento.
São poucos os que se dedicam à pesquisa que ofereça evidências científicas sugestivas da imortalidade da alma e da reencarnação. Outros, nesta sociedade acelerada e hedonista, incluindo os que estão na ONU, nunca tiveram tempo refletir sobre essas evidências, que geralmente adiamos para examinar na terceira idade. Uma dessas investigações é sobre a recordação (memória) de vidas passadas.
Em geral nos referimos aos fenômenos da lembrança e do esquecimento com o termo memória. Ela está relacionada à aprendizagem, que é a obtenção de novos conhecimentos, com a retenção das informações no cérebro. Memória designa área de pesquisa na Psicologia desde o século XIX. Grande parte das investigações, nàquela época, dizia respeito às variáveis introduzidas no momento da aquisição. Quanto à lembrança há pelo menos três fatores a serem considerados que resumimos em três interrogações: foi armazenada (está integrada)? Está disponível? Está acessível?
Discute-se com acerto a influência do domínio afetivo sobre o cognitivo. Alguém afirmou que o que se lembra, se constrói a partir do que se percebeu, e o que se percebeu foi alterado para combinar com os sentimentos, as inclinações e os interesses do indivíduo.
Consideremos a memória como a capacidade de reter e recuperar informações. Esta precisa ser codificada para ser processada pelo cérebro. Pode haver uma cópia literal da informação mantida por até 2 segundos, estamos diante da memória sensorial ou imediata, que é rapidamente eliminada pelo cérebro, após o uso. De forma inconsciente esses dados podem ser armazenados. Temos memória sensorial auditiva, visual, olfativa, etc.
Há uma outra, de curto prazo, que armazena a informação recebida pela memória sensorial, que se mantém por mais tempo (30 a 60 segundos), mas logo é esquecida. O tempo de retenção aumentará se a informação for repetida mentalmente, podendo também ser incorporada por longo período, quando manifestamos maior interesse e lhe prestamos mais atenção, sendo processada. Sua duração chega a poucas horas, é a memória operacional, de trabalho ou ativa.. A informação da memória de curto prazo evolui e chega a ser de longo prazo, durando horas, meses, anos, ou ainda durante toda a existência do indivíduo. Esta memória codifica a informação e a retém em função de sua pertinência e de seu significado para a pessoa. Necessita, no entanto, de uso para não apresentar-se mais adiante de forma deficiente.
A técnica de hipnose e regressão de memória parece apontar também na direção do domínio afetivo, o campo da emoção, como intimamente ligado com essa capacidade de retenção e recuperação dessas informações ou reservas “emocionais estocadas”.
Embora o estudo da memória tenha se desenvolvido de modo satisfatório até os dias de hoje ele parece ser um campo ainda com pontos a serem esclarecidos. Um destes é o do novo sistema de memória que, por independer da atividade cerebral, foi referido pelos pesquisadores como extra-cerebral.
Um pesquisador imparcial não pode fazer julgamento a priori. Deve manter a mente aberta, inclusive para a “hipótese do absurdo”. Já são vários os casos de memória extra-cerebral encontrados na literatura mundial. Um deles é o de Lydia Johnson.
A hipnose e a regressão de memória é uma técnica antiga. Importante recordar que se usa a expressão "os resultados sugerem que", porque o fornecimento de uma prova científica, que possa comprovar uma hipótese, esbarra num número apreciável de outras, que também poderiam explicar o fato investigado. Assim, é necessário depurar variáveis para chegar-se à hipótese mais provável, àquela capaz de melhor explicar o fenômeno.
O caso Lydia é um relato de xenoglossia responsiva, aquela que ocorre quando a pessoa é capaz de responder numa língua que não lhe foi previamente ensinada, revelando desta maneira uma capacidade de compreender a língua falada.
Lydia, sob hipnose e regressão de memória, começou a falar e os pesquisadores não conseguiam entender muito bem o que dizia. Lingüistas suecos foram chamados para traduzir as declarações de "Jensen Jacoby". “Ele” falou em sueco medieval, língua totalmente estranha para Lydia. Perguntas foram feitas em sueco e respostas foram dadas em sueco do século XVI. "Sou fazendeiro", "moro na casa", que ficava "em Hansen", como se ela recordasse fatos de sua vida anterior.
Sob hipnose, na personalidade de Jensen, a senhora Lydia identificou um modelo de navio sueco do século XVII, um recipiente de madeira usado naquela época para medir a quantidade de grãos, um arco e flecha, e sementes de papoula. Ela não sabia, entretanto, usar instrumentos modernos como alicates.
As hipóteses para explicar o fenômeno foram: clarividência aliada à personificação subconsciente; xenoglossia clarividente e habilidades clarividentes; e memória genética. Após exaustiva discussão essas hipóteses foram afastadas. Depois de examinar o caso, é bem possível, que sendo imparciais, venhamos a considerar a acusação de fraude como um curioso retrocesso à atitude dogmática que havia por trás da recusa dos cardeais da igreja romana em olhar pelo telescópio de Galileu.
Um PhD, Professor Adjunto de Filosofia da Universidade da Geórgia, depois de examinar o caso disse que no estado atual das coisas há uma boa razão para considerar a hipótese do absurdo como a melhor explicação.
O campo de pesquisa existe, mas qual agência financiadora de pesquisa vai aceitar este plano de trabalho, quando estamos em luta com mosquitos. No entanto, parece que ainda temos a aprender nesta área da memória. Os fatos são observados em diversos países, com diferentes pesquisadores. Cabe agora aos pesquisadores céticos investigar, propor novas hipóteses, sem preconceito, trazendo explicações melhores, mais plausíveis. Seria esse caso uma evidência científica sugestiva de imortalidade, reencarnação, suficiente para abrir as portas para as agências financiadoras? Quem será na ONU o avaliador que irá julgar e aprovar este projeto?
Lembramos o ano de 1961 quando o professor de psiquiatria iniciou sua linha de pesquisa com casos de crianças na Índia que se referiam com precisão a fatos e locais vividos em uma suposta vida anterior. Posteriormente teríamos o seu relatório de “vinte casos sugestivos de reencarnação”, com 352 páginas. Esses resultados têm como corolário a sobrevivência de algum elemento que se perpetua após a morte cerebral, mas nem os religiosos parecem estar interessados neles, mesmo que não esqueçam dos encontros entre Jesus e Tomé, Jesus, Moises e Elias, Jesus e Nicodemos (2).
Essas pesquisas sobre imortalidade e reencarnação podem ultrapassar as conjecturas religiosas e chegar, por exemplo, as áreas da psicologia e psiquiatria, educação e genética. Vale lembrar o pensamento de Robert Bruce Salter, notável médico, ortopedista, canadense: "Quando se considera a notável velocidade e complexidade do desenvolvimento embrionário humano, não é surpreendente que algumas crianças nasçam com uma anormalidade congênita; de fato, o que é surpreendente é que a vasta maioria das crianças são perfeitamente normais ao nascer."(3)
As forças que a Física hoje conhece não conseguem explicar a organização e estruturação dos genes. Para nós o espírito é o agente comandante de toda organização biológica. É quem a dirige e quem faz com que ela contrarie a entropia.
Reencarnação é tema que se defronta com o preconceito na academia. Não devemos estranhar que grupos responsáveis pelos maiores números de abortos no mundo sejam bem vistos por muitos Estados Membros das Nações Unidas.
O homem não possui uma medida absoluta da verdade, daí a sua relatividade. A ciência é um conjunto de declarações ou afirmações que são assumidas como verdades sobre a realidade. É por isso que uma prova em termos científicos significa o processo global através do qual nós concluímos que uma declaração é mais aceitável do que sua negação. Como ainda não se conseguiu provar que a vida acaba com a morte do corpo, que não existe vida após a morte, para nós não surpreende que crianças nasçam normais.
Docentes-pesquisadores na universidade ainda desconhecem o trabalho realizado por Kardec, apesar da excelência metodológica do Espiritismo, como referido no Reformador, nov/dez, de 1988.
Esquecendo preconceitos, podemos dizer que as almas dos homens que já viveram na Terra podem voltar para nos alertar. Assim, Victor Hugo nos oferece “Do Abismo Às Estrelas”, Salvador, Livraria Espírita Alvorada, 1975, 323 p.. No prefácio escreve:
“No momento em que a eutanásia é justificada por eminentes sacerdotes da Medicina, ganhando manchetes sensacionalistas nos periódicos do mundo; durante a vigência de leis que legalizam o aborto em diversos países civilizados da Terra; quando a França encaminha ao Senado um projeto para a interrupção legal da gestação até dez semanas após a concepção sob aplauso da Câmara dos Deputados e o entusiasmo de homens e mulheres ilustres, revogando a Lei de 1920 que o condenava, e favorecendo o infanticídio; diante da audácia humana que pretende negar à posteridade o direito de nascer ou de renascer na escola terrena, é impossível silenciar as conseqüências que defluem de tais ignóbeis atitudes, desgraçando os seus autores antes como depois da desencarnação.
Amordaçar a verdade é compactuar com o crime e a mentira.
Aplaudir o erro somente porque este recebe o transitório aval dos homens significa conspurcar a dignidade individual e enxovalhar a inteligência e a cultura da Humanidade.
Por tais razões escrevemos este livro, pensando nos milhões de criaturas que derrapam na direção de graves, desditosos compromissos por falta de advertência oportuna e de segura diretriz a fim de que perseverem no áspero e reto cumprimento dos deveres em relação a si mesmos, à sociedade e à vida. A quantos se encontram em tal encruzilhada de incertezas e indecisões dedicamos esta Obra.”
Que membros da ONU aceitariam essa advertência? Somente ampla manifestação mundial será capaz de deter esse erro.
Anteriormente alguns decidiram que se devia matar pessoas defeituosas, justificando que eram vidas que não valeriam a pena serem vividas. Depois a insensibilidade ampliou a desvalorização da vida, criou seres de segunda categoria, originou campos de concentração e incineradores humanos. Em dezembro de 2008 muitos irão a ONU para entregar abaixo-assinados. Não se pode esquecer “o contraditório e a ampla defesa”.
Assim, hoje no Brasil se pede para divulgar um abaixo-assinado em português, exigindo dos Estados Membros da ONU uma interpretação da Declaração Universal dos Direitos Humanos que proteja contra o aborto as crianças em gestação, a dignidade do ser humano e da família. Embora a Declaração Universal dos Direitos Humanos (com 60 anos) fale em direito a vida, alguns afirmam que os comitês da ONU interpretam-na como favorecendo o direito ao aborto. Se isso é verdadeiro possui fundamento a preocupação espiritualista. Até porque as religiões são reencarnacionistas. Até a católica já foi.
Há de fato referências à reencarnação no Velho e no Novo Testamento. Em 325 d.C., o imperador romano Constantino, o Grande, e sua mãe, Helena, suprimiram as que estavam contidas no Novo Testamento. O segundo Concílio de Constantinopla, reunido em 553 d.C., validou este ato, declarando herético o conceito de reencarnação. Aparentemente, ele enfraqueceria o poder crescente da Igreja, dando aos homens tempo demais para buscarem a salvação. Mas as referências originais existiam, os primeiros padres da Igreja haviam aceitado a idéia. Os antigos gnósticos, Clemente de Alexandria, Orígenes, São Jerônimo e muitos outros, acreditavam ter vivido antes e que voltariam a viver. E Sócrates, o grande filósofo é claríssimo neste sentido, como se pode perceber através da leitura do item IV, na introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo.
Outro comentário interessante sobre reencarnação e religião também colhemos no livro "Muitas Vidas, Muitos Mestres". É o relato de uma experiência bem sucedida de uma senhora diante de um câncer, que se disseminara dos seios para os ossos e o fígado. O processo se arrastou por quatro anos e não foi possível retardá-lo através da quimioterapia. Neste mesmo período o doutor Weiss prosseguia com Catherine nas sessões de regressão de memória à outras vidas e resolveu dividir a experiência e as revelações obtidas com a paciente, que era sua sogra. Ela as aceitou querendo saber mais. Weiss deu-lhe diversos livros e também a acompanhou num curso sobre cabala, os centenários textos místicos judaicos. Concluiu que a reencarnação e os planos intermediários são os princípios básicos da literatura cabalística, mas muitos judeus modernos não têm consciência disto (4), embora o estudo da cabala tenha se tornado “moda”..
Enfatizando o “contraditório e a ampla defesa” do zigoto chega-se a conclusão da necessidade de milhares de assinaturas contrárias que se somarão às de outras partes do mundo. A campanha nasceu entre os católicos e durará até o início de dezembro de 2008. O que pode ser visto no link abaixo (5).
Vamos recordar: “ele” falou em sueco medieval, língua totalmente estranha para Lydia. Ela (ele) identificou um modelo de navio sueco do século XVII, um recipiente de madeira usado naquela época para medir a quantidade de grãos, um arco e flecha, e sementes de papoula. Uma vez afastada a memória genética, como explicar a aprendizagem de Lydia, considerando a memória de longo prazo se o seu armazenamento é apenas cerebral?
Um caso carioca é surpreendente e perturbador, mas os membros da ONU não sabem disso. É quando Camille Desmoulins é encontrado reencarnado no Brasil. Ver: Hermínio C. Miranda & Luciano dos Anjos, “Eu sou Camille Desmoulins”, Lachatre, 376 p.(*)
Considerando que os grupos radicais pró-aborto são bem vistos, existe a triste possibilidade do juiz pronunciar o zigoto acusado, até porque em ciências jurídicas diz o brocardo “in dúbio pro societatis”.
(1 )www.brasilsemaborto.com.br
(2) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/reencarnacao.html
(3) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/reencarnacao-lei-de-causa.html
(4) http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.29.htm
(5) http://www.petitiononline.com/vidafam3/petition.html
(*) Ao se submeter a pesquisa de regressão de memória, com Hermínio C. Miranda o jornalista carioca Luciano dos Anjos descobriu ter sido, em encarnação anterior, o jornalista francês Camille Desmoulins, que incitou o povo à derrubada da Bastilha.
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.47.htm
 




 

LAÇOS AFETIVOS
Luiz Carlos D. Formiga
18 de agosto de 2012
 
O professor ainda terá espaço para trabalhar valores. O jovem se tornará mais apto para enfrentar seus desafios. Eu tive bons professores, na casa espírita e na escola. Mas a família estruturada é fundamental.
Fatores biológicos ou psicológicos podem impulsionar os jovens para a beira do precipício, mas esses impulsos são liberados ou bloqueados através da influência social e o que dá legitimidade às interdições sociais são os laços afetivos familiares. O afeto recebido no período infanto-juvenil é que os torna capazes de tolerar e se submeterem às normas sociais e familiares, controlando seus impulsos ao invés de por eles serem controlados (1).
De bonde ia ao colégio. Acabei memorizando um cartaz.
"Veja ilustre passageiro, que belo tipo, faceiro, que o senhor tem a seu lado. No entanto, acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o Rum Creosotado".
Do Largo do Tanque nos deixava em Cascadura. Chegou repleto. Encontrei lugar. Inusitado, sentei rápido. Poderia ir no estribo, como todo jovem. O belo tipo, faceiro, tinha as mãos em garra. Olhei discretamente e percebi também orelhas alongadas.
Na volta, chegando a casa relatei a sorte de ter encontrado lugar e falei sobre mãos e orelhas. A mãe falou-me sobre uma "colônia de leprosos" e que não me preocupasse. As pessoas podem apresentar sequelas, mas estão curadas. Não contaminam mais ninguém. Eu estava na era dos antibióticos e nem suspeitava que a minha monografia experimental de graduação seria com treze antimicrobianos. Tornei-me professor da faculdade de medicina e através dos laços afetivos visitava pacientes, na antiga colônia, agora Hospital de Dermatologia Sanitária. Lá funciona uma casa espírita.
Antes da faculdade, eu era jovem espírita, pois minha mãe havia me contaminado. O jovem, mesmo o espírita, tem suas depressões. Era tímido e não tinha coragem de abrir o coração.
Minha mãe logo percebia o "momento de tristeza". Era diferente do efeito colateral do anti-histamínico que usava.
Falou-me: "soube que aqui perto virá um palestrante muito bom. Por que você não dá um pulo lá e fica para o passe?"
Cheguei em cima da hora e fiquei na última fileira. Não conhecia ninguém. O dirigente apresentou o palestrante. Minha mãe não se enganara. Pelo visto era pessoa importante para os espíritas do Rio de Janeiro. Depois da prece lhe foi dada a palavra.
De longe parecia com o homem do bonde. Aquelas orelhas, as pálpebras caídas. Uma muleta apontava a deficiência física, mas quando começou a falar... Era um portador do "bem de Hansen".
Falou-nos da vida e com poesia lembrou Jesus.
Ele comentou que antes da doença havia pensado em ser político. Chegaria à prefeitura de sua cidade, mas a hanseníase votou nele.
O bonde da vida me levou ao biomédico na Faculdade de Ciências Médicas e depois ao magistério superior. Mesmo depois da aposentadoria ainda trilho a estrada do ensino e da pesquisa. Ainda vivo entre teses de ciências e a fé cotidiana. Na dúvida, produzir resultados experimentais ou privilegiar valores morais, mais difíceis de serem sobrepujados?(2)
O domínio cognitivo é traiçoeiro na terceira idade, mas quando penso naquele dia predomina o afetivo. Ele falou como Joanna: "ante as dificuldades do caminho e as rudes provas da evolução, resguarda-te na prece ungida de confiança em Deus, que te impedirá resvalar no abismo da revolta."(3)
O paciente diz:"Mas, porque eu?"
O palestrante:"um pouco de silêncio íntimo e de concentração, a alma em atitude de súplica, aberta à inspiração, eis as condições necessárias para que chegue aapaziguadora resposta divina."
"Cria o clima de prece como hábito, e estarás em perene comunhão com Deus,fortalecido para os desafios da marcha."
Depois de mais de 50 anos, não me lembro de suas palavras. Ficou a emoção como reforço da vacinação recebida no ambiente sócio familiar.
Aquele homem ensinava e emocionava como Renato Teixeira: "ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais"(4)
Sua voz de Hércules, emoldurava o sorriso franco e largo: "é preciso, conhecer as manhas, o sabor das massas e das maçãs. É preciso amor, pra poder pulsar. É preciso paz pra poder seguir, É preciso chuva para florir.
Como se desejasse diminuir a compaixão de alguém, disse com humildade: "hoje me sinto mais forte. Mais feliz, quem sabe, eu só levo a certeza de que muito pouco sei, ou nada sei."
Falou-nos de suas crenças e revelou que antes desdenhara a imortalidade da alma: "sinto que seguir a vida seja simplesmente conhecer a marcha e ir tocando em frente. Como um velho boiadeiro, levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou. Estrada eu sou.
Nos fez recordar o bem da vida, a Lei de Ação e Reação: "cada um de nós compõe a sua própria história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz".
Acalmou-nos a alma falando do reencontro com nossos amores, aqui e no além.
Eu precisava daquelas palavras. Na infância enfrentei o luto. Minha professorinha, irmã mais velha, desencarnara na juventude. Fiquei "filho único" através da dor. No planeta regenerado cientistas e educadores da infância receberão o reconhecimento social.
Aquele palestrante não usava apenas a cognição. Palavras-luzes eram emitidas pelo coração: "todo mundo ama um dia. Todo mundo chora. Um dia a gente chega e no outro vai embora."
Retornei renovado. Pedi a Deus que pudesse fazer o mesmo algum dia, como retribuição.
Um dia, em 1988, ele me chamou ao Centro Espírita Filhos de Deus. Teríamos uma reunião com o Coronel Edgard Machado. Dela saí com a tarefa de escrever um texto para publicarmos em "cartas dos leitores". O Jornal foi além. (5)
Obrigado, Amazonas Hércules. (6)
Fontes.
(1) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/a-influencia-da-midia.html
(2) http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2011/11/universidade-e-espiritualidade-entre_11.html
(3) "Vida Feliz", Divaldo P. Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis.
(4) Tocando em Frente. Música de Renato Teixeira.
(5) www.iqm.unicamp.br/~formiga/neu/manchaanestesicasocial.pdf
Mancha Anestésica Social. Publicado como Editorial na Revista Brasileira de Patologia Clínica, 24(2):31, 1988; "O Globo" - País/Ciência e Vida, 19 fev. p.11. ; "O Dia" - Domingo, 31 julho, p.14.; Revista Psicologia - Comportamento, 14: 30; Boletim Informativo do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ), 7(63): e Citado no Pronunciamento do Deputado Elias Murad - PTB-MG. Assembléia Nacional Constituinte. Câmara dos Deputados (17 de maio).
(6) http://www.cefilhosdedeus.blogspot.com.br/
* * *
 


Luiz Carlos D Formiga
Enviado por Juli Lima em 31/01/2013


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