[...o Homem criou “Deus”...] (Dueto)

[...o Homem criou “Deus”...] (Dueto)

Acordo... (espreguiço-me)
Ele, já está acordado
Sorrindo-me...

Acredite!
Deus não é carrancudo...
Ao contrário, Ele é muito bem-humorado!

É antenado,
Sabe das “coisas”
Um excelente astral...

É boa companhia
Em qualquer
Hora...

Sorrimos..
Rimos muito juntos...
Há momentos que até zoa de mim...

Levo na “esportiva”
Caio na gargalhada
Co’Ele...

Tem sempre as mãos livres...
Talvez porque ele saiba
Que posso tropeçar...

[Putz,
E como
Tropeço!

Ele,
Complacente
Me estende a mão...

Enfim, não planejamos nossos passeios
Acordo, ele sorrindo diz...
_ Vamos caminhar?

Quando tô de boa...
Aceito o convite
Sem titubear...

Gosto de passear com Deus...
Ele escolhe o nascer
Ou o pôr do Sol...

[Eu, “escolho” a praia...

Não há um roteiro,
Mas há sempre
Uma narrativa...

Uma vez Ele me disse
Que toda “história”
Precisa de “alguém”
Pra ser eternizada...

Assim, eternizo
Meus momentos com Ele
Caminhando, deixando minhas marcas...
(na areia)
E, escrevendo
com as tintas do pensamento
as nossas reflexões
Nas páginas de minha Alma...

[Já "escrevemos"... (Eu e Deus)
Porque nunca
Escrevo
Só...

Tal agora...
Caminhando sossegadamente
n’uma das praias da Barra da Tijuca
A mirar o mar..
E me perder (ou quiçá) m’encontrar em sua visão
(sempre me deixo ir... me deixo expandir)
E fico-me a indagar (comigo mesma
E com ELE):
[Estaria acordado para sempre o universo?
Ou dormindo calmo estaria ao que sonhado s’encontra?
Se for então a que pegado n’um sono esteja, somos os seus “sonhos”?

Quando, pois, acordará?
E despertando de sua laboriosa “soneca” o que será de nós?
Meu Deus! Chega a ser desesperador pensar nisto...

Ele, me diz...
- E, por que pensa?
Para que desassossegar a alma?

[Sei que ele me entende...
Crio Deus...
E meus fantasmas...

No que caso acontecer d’ele,
o “Universo”, acordar, decerto... “morreremos”
E o que é pior: para sempre...
E nem dará tempo para dizer como as palavras do Beatle:
“The dream is over “(John Lennon)

Nossa!
Parece filme catástrofe
Rebobinando...

O Universo
Me instiga o pensamento
E também é inspiração, para fugir das mesmices...

O universo
Tão vivo e fecundo
E repleto do alento... de “Prana”
No seu leito contínuo e profundo (infinito)
Onde florescem as almas e para’ele... [todas] retornam
(temos uma relação íntima com o Universo,
Há tanto dele em nós...)

Seria a Vida noiva do Tempo e nós seus filhos?
Mistérios que ficaram na infância
d’outrora...

[D’aquele tempo em que por tudo se perguntava
(que de tempos em tempos nos revolvem as entranhas,
Ressurgindo as questões existenciais)

Tudo é feito
de tempo... vida...
e... infinitos movimentos.

As formas
que aparecem...
e logo mais desvanecem...

As notas
dos acordes que vibram,
e em seguida se vão...

Os aromas
das flores inaladas...
que depois s’exalam, prazerosamente...

O calor dos toques...
a não mais sentirem o seu tato
Mas que nos deixam lembranças deles...

Tal qual os meus passos
nest’hora, aqui
na praia...
que d’aqui a pouco
se apagarão...
(pela ação
de outros passos,
Dos ventos,
ou das ondas...)

[As transformações
Não param...

Mas se saudades tenho (do qu’eu vivi) então vivo está
(num’outra dimensão, quem sabe?!)
Eternizado na alma
Da gente...

Ah, nossas lembranças...
Sempre alinhadas
Com o Tempo...

O tempo de Deus,
O tempo da Vida
O tempo nossos
De cada dia...

Bendito é o tempo
Que está sempre
a me intrigar...

E, a instigar...
Entre tantos por quês ?
Penso o conceito de eternidade...

Tempo e eternidade
Acho impossível pensar n’um
sem pensar n’outro, estão entrelaçados...
(na minha leiga visão)

Bem como
Deus e Homem...
Se penso num, penso n’outro...

E assim,
Faço Deus gargalhar...
Quando digo, na lata...
_ Tá pensando o quê? Eu Te Criei!

[Alguns dirão que é o cumulo da heresia
Ou loucura...
E, eu digo,
Nem uma coisa nem outra,
É livre pensar...
E usar o pensamento criador...

Pensamento?
Sim, pensamento!
O tempo existiria caso não existisse... o pensamento?

E agora volto a perguntar: Deus existira sem... o Homem?
Dentro d’um conceito absoluto pode ser que sim
Mas a pergunta seria outra:
Deus “conseguiria” existir...
sem o Homem?

Ah! Deus estará rindo de mim agora?
Melhor deixar p’ra lá!
Eu sempre o faço rir...

Não disse que ele
Tem senso de humor?
Eu nunca o vi depressivo...

Mas como pensar Deus
Sem seus atributos
(conhecidos)

Tempo e eternidade...

O que é a “eternidade”?
Nem sei para quê pergunto isto, eu que nem sei o que é o tempo
Pensar n'uma eternidade no tempo a se mover para frente é fácil
Difícil é compreender um tempo que sempre existiu e jamais nasceu

O tempo... seria o corpo místico de Deus?
O tempo... está em Deus?
E Deus! está nele? Acredito que sim
Ou o tempo é Deus e Deus é o tempo, sei lá?

O tempo nunca não envelhece (nunca), como assim dizia o rei Roberto Carlos
Os astrofísicos conseguem separar o tempo da eternidade.
Eu não!
Muitos até dizem que o tempo... não existe
A ser [para muitos] este seu credo a soar como um dogma

E quanto aos pensamentos, o que são [eles]?
"Vejo" meus pensamentos... e "ouço-os"
Palavras... sons... imagens...
De onde vieram?
Seriam os pensamentos como as nuvens?
Firmados pela reunião de um número enorme de abstratas moléculas?
E antes do Pensamento, que havia?
Então o universo é tudo o qu’existe justamente por que penso?
E mais ainda por que penso em tudo?
Então chego à conclusão que meu pensamento é que a tudo cria
A concordar com aquele incrível filósofo o qual dizia:
“Cogito, ergo sum”
“Penso, logo existo” (René Descartes)

[Pois é, caminho com Deus e passeando, penso...
Assim, pensando [fora da caixinha]
... o Homem criou “Deus”...

Juli Lima e Cássio Palhares

***