[Ali na Colombo...] (Dueto)
Eu,
No presente,
Dialogando co’o passado
Entre as frestas dos versos vislumbro um futuro...
Por hora, a mente inquieta,
dialogo com minhas vozes internas...
São tantas... Nunca fico só... Elas não deixam...
Faço “quase tudo” co’elas...
“Quase tudo”, tenho minhas intimidades...
Há momentos que delas me escondo e só as observo...
Decerto
Quem me olha...
Imagina que falo ao celular...
Mas, não falo sozinha...
Dialogo co’elas
Qual agora...
Em que passeamos,
explorando e nos encantando...
pelo centro (ou melhor, diria) no coração do Rio de Janeiro
Mais precisamente na Rua Gonçalves Dias
Aprecio a arquitetura e também
[Divago...
E me dou de frente com a pomposa Confeitaria Colombo
Um dos cafés mais bonitos e charmosos do mundo
Um verdadeiro patrimônio cultural e artístico do Rio
E estar lá dentro é como se fosse retroceder no tempo
Tudo ali guarda a sua memória:
Seus lustres, seus afrescos e toda a sua arquitetura
Vários nomes, ao qu’eu diria, lendários por lá passaram:
Chiquinha Gonzaga, Rui Barboza, Villa-Lobos, Lima Barreto, João do Rio...
E diversos nomes na política e de nossa História
Mas, um nome me veio naquel’hora d’uma forma mais nítida:
O grande poeta Olavo Bilac
Ao que meditava n’um de seus textos, chamado “A Pátria”
Neste seu incrível trabalho literário ele encerra co’uma frase:
“A morte de uma nação começa sempre pelo apodrecimento de sua língua”.
E não é que ele não estava exagerando?
Fico aqui a meditar e a refletir,
Co’as Vozes,
por que o excesso de estrangeirismos em nossa língua?
Eu que também descendo de portugueses,
Meu avô veio de Portugal...
Eu que amo a nossa língua
Ainda qu’eu esteja sempre reaprendendo outra...
Afinal, gosto de viajar e preciso saber a língua dos países em que sempre vou...
Oh! Temos uma riqueza literária
herdada de Portugal...
Não ignoro!
Já me deleitei
C’um exemplar d’Os Lusíadas,
Que tive em mãos, em nossa Biblioteca Nacional...
[Penso
Que não há motivo
para que venhamos substituir
nossa sonora língua, pela língua de ninguém
Será qu’estaria faltando amor à língua [por parte de muitos]?
Não, não precisamos “trocar” de língua
E aqui, diante da Colombo, fico-me assim a pensar
Ao que à memória me veio outro grande nome
(embora eu não saiba se ele conheceu a charmosa confeitaria)
Refiro-me ao incrível Ariano Suassuna
Que certa vez disse em tom bem alto:
“Não troco o meu ‘oxente’ pelo 'ok' de ninguém!”
Suassuna,
que pelo Brasil,
com suas “aulas espetáculo”
Fez muita gente refletir...
Ah! Grande Olavo Bilac e o fenomenal Ariano Suassuna
Quanta vontade eu queria d’encontrar
e estar à mesa co’eles
Eu,
Calada
Ouvidos atentos
Alma feita cataventos
Recebendo dos versos e prosas deles
Os transcendentais e atemporais “Ventos da Poesia”...
Ali na Colombo...
Juli Lima e Cássio Palhares
Rio Antigo (Como Nos Velhos Tempos) (ouça)
*** *** ***
Imagens-Google