DECISÕES
É necessário
um grande investimento
nesta educação do sentimento.
Pode-se não saber qual o sentido da vida,
mas todos sabemos que sem amor
a vida não tem sentido.
"A educação da alma é a alma da educação".
Só a Educação pode ensinar a tomar decisões!
Formiga, LCD & J. Lima
NEU* - Diferente - Leproestigma - Clone (Releitura)
Você é DIFERENTE? Quer um CLONE seu?
"No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho".
No artigo do Dr. Luiz Carlos D. Formiga, Diferente - Do Leproestigma ao Clone Estigmatizado (Enfoque microbiológico), observamos que biologistas moleculares, pesquisadores da clonagem se uniram aos microbiologistas uma vez que o gen para ser perpetuado deve ser clonado. Assim, precisa ser introduzido em um veículo de clonagem, isto é, uma molécula de DNA que seja capaz de se replicar de forma independente, no interior de um microrganismo.
Nesse processo a dimensão ético-legal da questão envolve a todos. O parâmetro fundamental é o respeito à vida e o respeito à autodeterminação da pessoa. Segundo essa dimensão, deve ser condenável a geração de embriões como material disponível para experimentação e a manipulação do DNA humano com fins seletivos e eugênicos. Ainda hoje, a tentativa de clonagem humana poderia ser considerada um ato irresponsável, antiético e não profissional.
Pesquisadores determinados e comprometidos com a ciência e com seus ideais, muitas vezes, implorando por recursos, fazem história. Das descobertas dos mecanismos da hereditariedade ao DNA quanto se pesquisou? Em 1965 constatou-se que a resistência a antibióticos, em bactérias, se devia a genes geralmente transportados por plasmídios. Esse DNA extracromossomial é hoje objeto de investigações em diversas espécies microbianas.
A partir de 1965 os passos dos avanços científicos são mais rápidos.
Estabeleceu-se o código genético completo; isolou-se a primeira proteína capaz de cortar as moléculas de DNA em sítios específicos (enzimas de restrição); demonstrou-se que esses fragmentos gerados podem ser ligados entre si, por um outro tipo de enzima (DNA ligase).
Observou-se, em 1973, que inserções de fragmentos (estranhos) podem ser feitos e ainda assim funcionar em uma célula bacteriana (E. coli). Criou-se assim, o potencial para inserção e clonagem de qualquer gene em bactérias. Em menos de quinze anos (1965-78) a Somatostina se tornou o primeiro hormônio humano produzido pelo uso de DNA recombinante e oito anos depois (1986) vimos o FDA e OMS liberar uma vacina contra a hepatite B produzida por DNA recombinante.
Outros acontecimentos importantes ocorrem neste período: a construção da primeira planta industrial para a produção de DNA recombinante; a anemia falciforme foi detectada no diagnóstico pré-natal através da análise do DNA fetal (enzimas e sondas); o levedo de cerveja é usado para clonagem de seqüências do genoma do vírus da hepatite B e produção de partículas imunizantes.
Há uma revolução com as técnicas da engenharia genética. Mas estamos ainda em 1986. O que aconteceria dez anos depois?
A clonagem, que é o desenvolvimento de uma cópia geneticamente igual ao indivíduo, foi desenvolvida em 1996. Após 277 tentativas frustradas, nasceu Dolly em 1997, o primeiro clone de mamífero adulto oficial do mundo. No entanto, após o ano 2000, na ficção, o Dr. Albieri consegue o primeiro clone humano brasileiro, a partir de um dos irmãos, gêmeos, na novela da Rede Globo de Televisão.
Nasce Leo, xerox de Lucas que é irmão univitelino, monoplacentário, de Diogo, morto acidentalmente. Diogo é clone de Lucas e vice-versa. Dr. Albieri que tinha preferências por Diogo, sabia disso.
Com a ovelha Dolly (e com o clone-Leo) nasce, também na sociedade brasileira, uma série de questionamentos de ordem ético-morais e ficam explícitos os riscos potenciais à diversidade e integridade da espécie humana. Começa-se a explorá-los na TV, no horário nobre. Se a maioria dos clones de quatro patas apresenta problemas congênitos ou morre, o que pode acontecer com um clone humano?
Dr. Albieri foi realmente feliz na sua experiência?
A mãe tinha que ser uma "deusa", como enfatiza o companheiro que é estéril.
Eventualmente, a vaidade poderia ter sugerido a Edvaldo, companheiro de Deuza, que ele poderia ser o doador, o que não interessaria ao médico Albieri. Edvaldo entraria posteriormente como inocente útil.
Nem tudo é perfeito! Todos observamos que o clone-Leo é "diferente", embora humano em todos os sentidos.
Temos nós algum estigma? Também somos diferentes!
Somos indivíduos únicos, específicos e peculiares.
Quais os efeitos dos estigmas sobre os indivíduos de modo geral?
Uma pessoa é portadora de um estigma quando ela possui alguma diferença que constitua uma dificuldade para a sua aceitação integral na sociedade. O termo é de origem grega e se referia a sinais corporais que colocavam em evidência alguma alteração marcante no seu aspecto físico. Em seguida, tornou-se mais abrangente e adquiriu um sentido figurado. Estendeu-se ao campo moral em caráter negativo, significando marca vergonhosa. Por isso nós tendemos a acreditar que a pessoa não seja um ser humano. Um clone não se livrará facilmente desta marca e deverá sofrer discriminação, o que reduz chances de vida.
Em termos psíquicos, os clones, poderão ser deficientes da figura paterna locomovendo-se com auxílio de muletas psicológicas?
Dr. Albieri detém o direito de patenteá-lo?
Clone-Leo é uma propriedade, um produto das experiências do médico tecnicamente competente?
A experiência do doutor Albieri.
A memória das células diferenciadas de mamíferos é reversível. Assim, a célula somática de Lucas foi induzida, "in vitro", em cultura, a este estado de quiescência, perdendo a memória da sua diferenciação. Retornando a totipotência comportou-se, após a fusão, como uma célula germinativa. Em outras palavras. Albieri retirou um ovócito, óvulo imaturo, das trompas da uma mulher-Deusa pouco depois da ovulação. Arrancou o núcleo da célula feminina que é o local onde existe a contribuição de tinta da mulher para pintar o quadro do novo ser. O que restou foi apenas a tela para a pintura. A seguir pegou o núcleo de uma célula isolada de Lucas ("pintor" ou "doador", nesse caso não consentido) onde está o manual de instruções (DNA) para se pintar um novo Lucas.
Vamos relembrar que a célula (de Lucas) tinha sido submetida à regressão de memória a idades bem infantis (quiescência) e se sentiu germinativa. "Sentiu-se" porque, sob o ponto de vista ontogênico, não pode ser assim considerada. Estamos diante de um fenômeno cientificamente ainda não esclarecido.
Nestas circunstâncias é como se o núcleo entrasse num estado de transe "hipnótico-químico" revendo toda a sua vida pregressa ou programação, podendo a partir daí tornar a expressá-la. O núcleo, da célula de Lucas, que é da raça branca, foi transplantado para o citoplasma do óvulo (tela ainda não pintada). Aí, ele pode acionar todo o seu código genético. Depois de algumas divisões celulares, Albieri as colocou no útero da mulher de raça negra e sadia e aguardou o trabalho da natureza.
Clone-Leo não poderia nascer moreninho, pois a contribuição feminina foi só de suporte (tela) para a linha completa de instruções codificadas pelo genoma da célula de Lucas. Albieri sabia que o seu produto não teria problemas em termos de preconceito racial. Assim Lucas (a célula doadora) e o clone-Leo são gêmeos idênticos com idades diferentes. A cópia xerox foi feita noutra máquina alguns anos depois.
Na teoria a técnica para se criar clones humanos é muito simples. Devemos lembrar que teoria e prática são diferentes e a segunda pode estar sujeita a idiossincrasias do pesquisador. Ninguém é comunicado pelo Dr. Albieri dos experimentos por ele realizados.
Sob o ponto de vista do interesse de todos os personagens envolvidos na trama, mas principalmente dos interesses do paciente, a obtenção do seu "consentimento esclarecido" é conduta obrigatória. Este consentimento é previsto nos comitês de bioética institucional.
Precisamos estar atentos no campo dos valores éticos e legais. Na sede de conhecimento, fama ou poder os personagens que pertencem ao campo técnico-científico podem se comportar como a "Alicinha". Na novela, ela era capaz de "fazer qualquer negócio" para atingir seus escusos objetivos. E, ela não tinha por trás a ajuda dos "interesses econômicos".
A sociedade possui papel importante e fundamental na inibição de pessoas que perseguem objetivos obscuros. Deve exigir a criação de "polígonos de segurança ética" uma vez que as instituições, incluindo as de pesquisas, não estão totalmente a salvo das inteligências tecnicamente capazes, mas que possuem elevado grau de miopia na visão dos valores.
Os veículos de comunicação podem exercer significante papel na denúncia desses profissionais de nível de consciência baixo. Já tivemos notícias de que pesquisadores publicaram dados que objetivamente não encontraram. Por isso damos preferência por revista científica que tenham um corpo editorial competente e sério.
De posse da competência técnica deveremos realizar a clonagem?
A Constituição Brasileira assegura direito à pesquisa, mas estabelece a proteção à dignidade da pessoa humana como limite ao uso do conhecimento. Porém, o homem é de natureza multifacetada, por isso acreditamos que se o clone humano puder ser feito, sê-lo-á. Ainda mais porque sabemos que restringir pesquisas significa apenas retardar a marcha do conhecimento.
As técnicas de clonagem animal ainda estão sendo aperfeiçoadas e os pesquisadores dizem que não existem fundamentos universais para nos basearmos na hora de tomarmos decisões éticas. Como fazer? Com "277 tentativas" poderemos chegar a um resultado "satisfatório"? Perfeição não é obra do acaso! Será ético experimentar em se tratando de seres humanos? Grita o imperativo ético, questionando!
Trabalhar com vírus e bactérias é "relativamente" fácil. Ninguém ainda perguntou quais são os direitos daquela bactéria virulenta que não tem consciência dos seus atos e aguarda no corredor da morte (autoclave), por ter fulminado uma criança.
Se não existem fundamentos universais para nortear nossas decisões diante das inquietações éticas relativas às novas técnicas, como fazer?
A partir de outubro de 2001 a UNESCO passou a examinar a possibilidade de desenvolver um instrumento universal sobre bioética partindo da Declaração Universal (novembro de 1997) sobre o Genoma e os direitos da Pessoa Humana. Diz a Nota Técnica sobre Clonagem Humana do Ministério da Ciência e Tecnologia em 26/11/2001 que o debate bioético pode ter como ponto de partida a premissa de que a clonagem não reprodutiva e o uso de células tronco, em si, não seriam rejeitáveis como procedimentos de suporte a terapias médicas.
Essas poderão substituir células lesadas de órgãos como coração e cérebro. Os países desenvolvidos e o Brasil já dominam essa tecnologia. Uma vantagem é que usando células dos próprios pacientes se evitará o fenômeno imune da rejeição. Ansiedades e angústias serão aplacadas além de nos livrarmos da terapêutica com drogas imunossupressoras.
Embora as células conseguidas de um embrião, obtidas na primeira semana depois da fecundação, sejam extremamente poderosas, o seu uso prevê a destruição do embrião. Sob o ponto de vista ético isso é condenável. As células-tronco, obtidas da medula óssea são também muito eficientes e se equivalem as células que podem ser colhidas da placenta, no cordão umbilical, no momento do nascimento.
As células-tronco derivadas de sangue de cordão umbilical podem ser armazenadas num banco de sangue. Mesmo aqui não ficamos isentos das questões científicas, éticas e sociais que surgem dessa tecnologia emergente. Um exemplo é que o processo de obtenção de consentimento "pós-informado" para a coleta de sangue de cordão umbilical deve ser antes do trabalho de parto e do parto.
Ainda no campo especulativo, a sociedade tem feito perguntas.
Seriam exatamente iguais os clones humanos?
Num organismo unicelular é mais difícil perceber diferenças, embora seja mais fácil pesquisar. Nos pluricelulares é o inverso, fácil perceber diferenças num organismo que possui muitas unidades e no corpo humano as contamos na casa dos trilhões.
O clone de Arnold Schwarzenegger será franzino se não for adepto fervoroso do halterofilismo e o clone de Einstein vai necessitar de muitos exercícios, verdadeira musculação cerebral, para desenvolver de forma semelhante o domínio cognitivo. O DNA apenas nos oferece a possibilidade. A probabilidade e a certeza dependem de muitas variáveis que não são todas do domínio da ciência ou do homem.
Um indivíduo é produto da interação entre a herança genética, o ambiente físico e cultural e o processo de aprendizagem. Hoje, impossível descartar a chamada herança espiritual. A idéia de recriação de pessoas boas ou más é fantasiosa e está desprovida de fundamentação científica.
A discussão anterior nos remete a uma questão:
São exatamente iguais os clones bacterianos de uma mesma espécie?
Certamente as dificuldades de se achar as diferenças serão maiores nesses seres mais simples, procarióticos, do que nos seres pluricelulares. Entretanto, microbiologistas não usam apenas o microscópio ótico ou eletrônico.
No vasto mundo microbiano há grande número de informações. Como possuímos experiência com algumas espécies vamos utilizá-las como um modelo unicelular.
O gênero Corynebacterium abriga bacilos em forma de clava, que tendem a formar arranjos em paliçadas e/ou letras chinesas. Compreende número grande de espécies, algumas sendo mal definidas, mas a espécie-tipo do gênero, C. diphtheriae, é muito bem estudada.
Clones Apresentam Tipos Diferentes.
Porém, além da espécie-tipo, outras estão mostrando seus clones com alguma capacidade agressiva.
Há risco de exposição, na área de saúde, aos patogênicos. Como andara a imunidade de nossos médicos, enfermeiros?
Mais da metade de nossos infectologistas, pediatras e bacteriologistas, talvez nem tenham renovado a vacinação nos últimos dez anos. Quando foi a sua última dose? Nossas crianças receberam vacinação completa?
Diante da realidade brasileira e sob o ponto da vista de Saúde Coletiva, diagnóstico precoce e a vacinação de toda a população susceptível, adulta ou não, profissional de saúde ou não, continuam sendo os nossos maiores desafios.
Clones Agridem Pessoas Vacinadas.
Mesmo diante de ampla vacinação, alguns clones, sem discriminar as condições sociais, econômicas ou culturais do paciente, conseguem romper sua barreira imunológica.
Existem pessoas indiferentes neste campo ou possuidoras de um conceito prévio de que o método científico não possui condições de investigar questões pertinentes ao domínio espiritual. Sofreram um processo educativo, religioso ou não, que produz uma "mente fechada". Muitas são incapazes de pensar que a morte do corpo não mata a vida e que esta consciência liberta possa novamente ser aprisionada pelas malhas de um DNA, no "espetáculo" da vida e da evolução. Outras estenderam as leis da matéria a todos os setores de investigação. Neste nível de consciência os valores éticos, de índole imponderável e imaterial, não podem encontrar receptividade e não se importam em legalizar o que não é ético.
Encontramos também as que não foram bem condicionadas pelos seus credos religiosos e tornaram-se incrédulos, embora exibam a vestimenta religiosa. Podem se tornar adeptos do dólar ou do materialismo religioso e chegam a "i-dolar-tria" dos valores imediatos. Passam a perseguir esses valores aqui e agora e seus comportamentos podem apresentar contornos antiéticos. Com seus interesses puramente econômicos, procuram colocar obstáculos aos resultados de pesquisas que apontam para evidências sugestivas da imortalidade da alma, numa atitude aparentemente incoerente. Jung disse que "neste assunto da sobrevivência da alma, existem acontecimentos que dão o que pensar".
Diz a nota técnica do Ministério de Ciência e Tecnologia que um dos maiores desafios de nossa época é explorar as relações entre o fato científico, a norma legal e os valores éticos caros ao ser humano.
Na clonagem a reflexão se aplica a fatos e se constrói a partir deles. Não se trata de um sistema de princípios abstratos determinados que se impõe sobre a realidade a partir de normas proibitórias. Cabe lembrar que a bioética se funda sobre fatos, princípios e regras. Os técnicos do governo brasileiro asseveram que evitando a subjetividade, a ideologização e o reducionismo, cabe à comunidade científica a orientação do debate junto à sociedade. Esse debate deverá desembocar na eleição de critérios éticos relevantes para o exame dos avanços das ciências da vida, de modo que o diálogo na sociedade possa radicar-se em plano nacional, interdisciplinar, prospectivo, global e sistemático. Antes do nascimento da ovelha Dolly o Comitê Internacional de Bioética da UNESCO constatava que existiam no mundo mais de 200 comitês nacionais de ética, com seus estatutos e atribuições.
É necessário um grande investimento nesta educação do sentimento. Podemos não saber responder qual o sentido da vida, mas certamente todos sabemos que sem amor a vida não tem sentido.
"A educação da alma é a alma da educação".
Só a Educação pode ensinar a tomar decisões!
Aceitamos nossa ignorância em diversos campos da ciência. A clonagem humana é um deles. No entanto, a dimensão ético-legal da questão envolve a todos. Que possamos oferecer alguma contribuição na solução dos desafios éticos desta hora, pois nestes caminhos vamos encontrar pedras de tamanhos diversos.
Numa releitura, recortes do texto elaborado
para discussão na pós-graduação:
Curso de Especialização em Bacteriologia Clínica e Virologia.
Instituto de Microbiologia da UFRJ,
Disciplina: Ensino de Microbiologia.
Treinamento Didático (Ensino&Pesquisa&Ética).
Prof. Dr. Luiz Carlos Formiga
Texto completo para microbiologistas,
incluido estudo do bacilo diftérico, em www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php
Núcleo Espírita Universitário do Rio de Janeiro
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