|
NEU* e a "banalização do sexo"Banalização do SEXO Descaso e falta de educação banalizam o sexo Dr. Luiz Carlos D. Formiga
Crianças e jovens vivem num mundo onde as manchetes de jornal as fazem perguntar sobre assuntos que deixam os pais numa “saia justa”. Recentemente fiquei perplexo ao ler: “Para aderir a uma das ferozes gangues de rua da América Central, Benky, uma jovem pequenina com os olhos fortemente maquiados com rímel e os braços recobertos de tatuagens, teve de fazer sexo com uma dúzia de garotos do grupo, certa noite. Ela se lembra de ter chorado incontrolavelmente quando o último deles terminou, e de ter sido cercada por todos os membros da gangue, que a cumprimentaram por sua admissão plena à Mara Salvatrucha.” Em maio de 2008 vemos o jogador de futebol no seu inferno astral. “Ronaldo diz ter sido vítima de uma tentativa de extorsão do travesti André Luiz Ribeiro Albertino, conhecido como Andréia Albertine. Albertino acusa o atacante de calote em um programa com outros dois travestis e de envolvimento com drogas.” Estes exemplos são tão tristes quanto aquele que saiu na Revista de Cultura Espírita "Nueva Generacion", Guatemala, C.A. 5 (18): 3-6, abril-junio, 1995, narrado em: sexo – artigo de compra e venda (abaixo).
Na história da menina de 12 anos que referimos anteriormente há inclusive o crime doloso contra a vida: “o líder da gangue ordenou a Benky, que então tinha 14 anos, que roubasse ônibus, arrancasse correntes do pescoço das pessoas e até matasse uma menina de uma gangue rival. Ela sempre obedeceu, embora Benky declare que não estava completamente certa de que a rival havia morrido depois de levar um tiro nas costas. Eu achava que a gangue seria como minha família", explica Benky sobre sua adesão. "Pensei que receberia o amor que me faltava. Mas eles me batiam". Davam-me ordens. Diziam que eu tinha de roubar ou matar alguém, e eu obedecia.
Escrevi “Discutindo a Sexualidade”, um artigo que me deu muito trabalho, pois depois recebi correspondências pedindo mais informação ou criticando a forma concisa que usei nas minhas “janelas” ou “planos”. Fazer o que?
Nele muito se pode aprender com o caso relatado por um psiquiatra que clinicava em São Paulo e que trabalhou mais tempo com hipnose do que Freud. Seu paciente homossexual reviu vidas pregressas em regressões de memória.
Haverá forte emoção e sofrimento se, numa vida futura, o nosso jogador de futebol fizer regressão de memória aos nossos dias. Por isso a regra é o esquecimento. Basta olharmos nossas tendências, dizia o codificador da Doutrina Espírita.
Aos pais recomendei que “deixasse claro” o amor que sentem por seus filhos (Aclárele todo a su hijo). E, quem ama educa, através do exemplo. Pobres crianças desta hora. Pobre Benky! Quando ela tentou largar a gangue, levou seis tiros dos ex-colegas. As cicatrizes, ainda visíveis em seu corpo, confirmam a história, como o fazem os assistentes sociais que a visitaram durante os seis meses que ela passou no hospital. (Luiz Carlos Formiga)
|
SEXO - ARTIGO DE COMPRA E VENDA Os homens demonstram sua posição na escala evolutiva pelas decisões que tomam diante da vida. Em muitos a consciência ainda não despertou para os verdadeiros valores. De posse de liberdade relativa demonstram pouca responsabilidade. Antes de governar, parecem governados pelos instintos. Muitos são especialistas na arte de multiplicar títulos e propriedades, mas no campo afetivo afastam-se da receptividade, do compromisso. São mestres na produção de seres-objetos. Distanciados da consciência lúcida são ainda amantes da poligamia. No homem mais evoluído a sexualidade é entendida num contexto amplo, inclusive o espiritual. Vê na sexualidade uma atividade intimamente ligada ao crescimento pessoal, à auto-estima e à formação de saudáveis vínculos afetivos e amorosos. Espírito mais amadurecido percebe a sexualidade como reconstituinte das forças espirituais pelo qual as criaturas se alimentam mutuamente. Mesmo quando convivendo com inseguranças e sentimentos de rejeição, nunca busca o sexo como forma de auto-afirmação e alívio de incertezas ou carências. Não troca sexo por companhia tentando diminuir o vazio da solidão. Quando o espírito, mesmo em corpo velho, está num nível evolutivo ainda baixo, sua consciência dorme e se torna difícil freiar instintos. São pessoas fisiologicamente adultas mas emocionalmente infantis. (5,6,7)
Mas, quem atirou a primeira pedra? Analisando-se o discurso de mulheres que se vendem de forma institucionalizada (eu-isso) e o silêncio do seu comprador, concluiu-se de que a coisificação da mulher é indispensável, para a grande cidade, como é a lata de lixo para a família. Ela desempenharia o papel de defesa da ordem coletiva e o da satisfação dos impulsos recônditos dos homens. Mas, duas questões são importantes. Como essa mulher que se vende (eu-isso) vivencia sua sexualidade (eu-mulher)? Como se sente e o que busca o homem (eu-isso) ao relacionar-se sexualmente com uma mulher que se vende? O acesso À bibliografia e à realidade do dia-a-dia revelaram, na pesquisa (2), que existe uma contradição muito grande em torno da prostituição, pois, ao mesmo tempo em que ela é recriminada como algo nocivo à sociedade, é tolerada, servindo como importante estabilizador social, que cumpre várias funções. No entanto, o discurso das mulheres revelou a crença de uma atividade profissional como outra qualquer onde a busca do dinheiro é o mais importante.
Por outro lado o sonho da constituição de uma família apareceu neste discurso.
É válida a premissa de que as circunstâncias socioeconômicas e morais estabelecidas pela sociedade criam e recriam os espaços do vir-a-ser prostituta. O homem deve ser visto como um co-autor, co-responsável por esse modo milenar de vivenciar uma das inúmeras facetas da sexualidade humana. No momento em que estamos escrevendo estas linhas, há um destaque especial na novela da TV sobre essa questão, demonstrando a contradição referida anteriormente. Ao mesmo tempo em que ela é recriminada como algo nocivo à sociedade, é também tolerada (casas de tolerância), até no "horário nobre". Nas incursões a estas "casas" os pedagogos e psicólogos pesquisadores verificam que os homens (casados) se sentem pouco à vontade em dar entrevistas, no sentido de oferecer respostas à segunda questão acima (o que busca ao relacionar-se?)
Se não existisse o estigma, quanto ao tipo de atividade, muito pouco esta se diferenciaria das atividades de outros profissionais. O que existe é uma dicotomia corpo x mente, em que o primeiro assume um valor de troca e o segundo se consome no esquecimento. Ela procura um distanciamento de si mesma, do ser-mulher-mãe, da prostituta. Não há unificação do ser. Ao buscar relacionar-se desta forma, intenciona preservar-se enquanto um isso, enquanto um objeto, que possui seu valor de troca, que sente prazer apenas na obtenção do dinheiro e que deve ser preservado e cuidado. O dinheiro legitima essa forma de ser no mundo e a dicotomização do lado impessoal, profissional e afetivo permite apenas a meta de desempenhar ou representar no palco sua função da melhor forma possível. Ela precisa manter seu objeto de trabalho sempre em evidência, possibilitando seu sustento. Fingir faz parte do "show" e pode-se pensar numa ginástica com os aparatos de uma boa aula de aeróbica. O caráter erótico em que se vivencia a cumplicidade, a troca, o envolvimento não existe. Uma delas fez a síntese: "É um sexo podre".
Não há encontro porque não há disponibilidade mútua, não há envolvimento mútuo possibilitando confirmação mútua. Numa faixa evolutiva mais baixa, a sexualidade do homem fica muito circunscrita à sua genitália, é muito mecânica, exigindo, então, uma manutenção específica e periférica, feita por um agente específico.
Em ambos há o empenho de lidar com aquilo que é superficial, que pode ser tocado, visando cada um o seu benefício "legal".
Nas entrevistas os pesquisadores constataram outras modalidades de relação diferentes do sexo que também são requisitadas, como a "conversa", fala desprovida de zelo maior onde se mostra o lado inseguro. E diante da postura inerte de seu objeto, se permite extravasar toda a sua angústia, de forma que não se comprometa, não corra riscos. Isto é uma parcela do conjunto das necessidades sociais. Elas deverão dar continuidade ao "show" e para isso juntar os pedaços de seu objeto e configurar-se um todo irreal unificado. As cenas e o final são quase sempre os mesmos. Quando interrogadas acerca de sua qualidade de mulher ficam perplexas e mal sabem responder. Seu ser fica desprovido de todo e qualquer significado que leve em consideração sua totalidade, seu ser-mulher. Parece que ao viver grande parte de sua vida no "palco", o personagem tomou conta de si, e o seu eu passou a ocupar um plano inferior e nem é lembrado.
"Não sei o que é ser mulher" foi a resposta. Se é lembrado é também extremamente desvalorizado. Parece que não se consegue superar essa dicotomia e o eu fica submetido à desintegração. O que pensar da integração com Deus e a sociedade?
"Quero ter uma família". É um projeto que aparece no discurso como um meio de deixar a "profissão", porém, muito mais do que isso, um modo de integrar-se na sociedade e, quem sabe, até amenizar a dicotomia existente em seu espírito. Bruns e Gomes Junior (2) concluem achando que aqueles que compram-vendem, vivenciando o "êxtase" do aqui e agora, vão se distanciando cada vez mais de si mesmos e a dicotomia existente entre corpo x mente se fortalece cada vez mais, de modo a não provocar inquietações. As educadoras terminam dizendo que tanto um como o outro "perpetuam o monótono círculo vicioso que o mundo do faz-de-conta lhes possibilita, fingindo que esse é um dos modos de serem felizes".
Duas senhoras, em um café num país sul-americano, comentavam que a palestra da noite, feita pelo brasileiro, deveria ser no mínimo instigante, pois falaria do amor, da imortalidade da alma e das conseqüências, na vida espiritual, dos atos cometidos aqui na Terra. Uma jovem próxima ouve o comentário positivo e resolve assistí-la também. Após a palestra, que falou sobre reencarnação e memória extracerebral, na fila dos que vieram apertar-lhe as mãos caridosas, Divaldo escuta a estória: (8)
- Eu sou uma meretriz. Era uma jovem delgada de olhar entristecido. Contou-lhe que fora o padrasto quem a colocara no plano inclinado. Ela havia ouvido as senhoras falarem do brasileiro que pregava o amor como antídoto da dor e, como sofria muito, resolveu dar-se uma chance. Jogou fora a substância corrosiva, colocada no refresco, para ouví-lo. Divaldo explica que não era má vontade, mas que o seu anfitreão o aguardava. Porém, gostaria muito de encontrá-la mais tarde. Ela respondeu a Divaldo que não se preocupasse porque era uma mulher da noite. Marcaram o encontro na casa do anfitrião. À noite conta que vivia num bairro de alta classe social e econômica. Quando o pai morreu ela contava quase quinze anos. A mãe tinha quarenta e dois e era uma mulher frívola, de caráter vulgar e, em menos de três meses depois, estava nos bailes e festas. Ligou-se a um homem mais jovem do que ela, destes que vivem a explorar mulheres ingênuas. Ele veio viver em nossa casa e começou a procurar-me. Minha mãe acreditou quando ele disse que eu havia me oferecido. Após a bofetada, colocou-me na rua. Aos quinze anos eu estudava e tinha uma amiga de dezessete anos que me recebeu em casa. Ela disse que a vida era maravilhosa e que devíamos desfrutá-la. Era acompanhante de velhos executivos e uma noite lhe rendia quinhentos dólares. Mais tarde ela me disse que se não trabalhasse também não comeria e levou-me a uma casa. Divaldo ouviu pacientemente e...
Através da divulgação do Espiritismo, por meio da palestra na reunião pública, em clima fraternal e com interesse de ajudar na solução dos diversos problemas humanos, conseguiu-se a reabilitação e, posteriormente, a integração da jovem aos labores espíritas. Hoje ela tem uma família!
E se elas se contaminarem? E se houver gravidez? Observa-se uma incidência crescente de AIDS em crianças em todo o mundo. No Brasil a porcentagem de mulheres infectadas, em idade fértil, aumentou de 5,1% para 12,51% em dez anos. A proporção homem/mulher era de 18/1 e atualmente é de 3/1. Este fato explica a enorme preocupação dos profissionais de saúde que trabalham com crianças. Em um trabalho observou-se que apenas uma, em 25 crianças, adquiriu o HIV através de transfusão sanguínea. Todas as outras foram infectadas de modo vertical, risco que varia de 27% a 62%. A transmissão mãe/filho pode ocorrer via placentária, no canal do parto e pelo leite materno.
Vamos relembrar algumas coisas: (6) Aids é um dos maiores problemas de saúde pública. A epidemia não vai passar por si mesma e a discriminação só empurra a doença para a clandestinidade, onde não podemos vê-la e combatê-la. Aids é primariamente uma doença sexualmente transmissível, é uma imunodepressão acompanhada de doenças oportunistas graves, infecciosas ou neoplásicas, com eventual lesão neurológica. O HIV é um parasita genético, isto é, ele se integra ao sistema de genes, ou DNA, e programa a célula transformando-a numa fabrica de HIV. Como o HIV se integra no sistema genético da célula, quando tentamos destruí-lo acabamos destruindo também a própria célula. Por isso o tratamento da Aids é muito complicado. O número de indivíduos com infecção assintomática (portadores) e que podem transmitir o vírus é significativamente maior do que o número de doentes. Se uma pessoa tem apenas um parceiro sexual, mas este tem mais de um, a pessoa tem risco de ser contaminada. São fatores de risco associados aos mecanismos de transmissão: as variações freqüentes de parceiros sexuais; o uso de produtos de sangue não controlados; o uso de agulhas e seringas não esterilizadas e no caso do bebê a infecção materna pelo HIV.
São co-fatores específicos de risco em relação à transmissão sexual: o trauma, como pode ocorrer na relação anal e lesão genital causada por outras doenças sexualmente transmissíveis. Apenas com acesso aos preservativos e à informação não mudaremos comportamentos. Adolescentes bem informados continuam tendo condutas sexuais de alto risco.
Das vinte marcas examinadas, apenas sete dos preservativos utilizados no Brasil cumpriram os requisitos de segurança.
A necessidade do uso da camisinha é informação relevante, mas isto não é sinônimo de sexo seguro, esta seria uma afirmação no mínimo leviana e irresponsável. Um produto que não impede a gravidez não evita a infecção viral.
Somos massacrados pelas mensagens eróticas que procuram transformar-nos em máquinas sexuais.
A psicóloga Dione Costa (4) relatou que quando ouve pacientes, indivíduos comuns, com doenças sexualmente transmissíveis, vindo de encontros que podem não ter durado sequer uma hora, anônimos, desconhecidos, mas que levam a abortos, sempre questiona: e a afetividade? Que crianças serão estas? E que adultos? Tudo isso, diz ela, nos remete a um sexo mecanizado, mostrando uma inadequação ou negação da sexualidade responsável, pois possibilita doenças e com elas sentimentos como frustração, desilusão, insegurança, solidão, vergonha, culpa, medo que se perpetua para os próximos encontros. Como terá sido a aprendizagem amorosa desses indivíduos ao longo da vida?
Será este caminho do não-encontro, ou desencontro, o único que aprenderam ao longo de suas vidas para a busca da felicidade?
Nesta hora, o profissional de saúde-educação tem um papel "fantástico" pois é um importante momento para mostrar os riscos, a possibilidade de fazer escolhas, de ensinar a dizer não, de adquirir identidade própria. Momento, talvez, único na vida dessas pessoas, incomodadas com seus sintomas, para uma reflexão de que seu corpo é sua casa. Nossos filhos precisam estar conscientes da existência destes sofrimentos e lutarem para não serem incluídos na categoria dos co-responsáveis, co-autores. Eles precisam saber que todos temos guias espirituais que nos protegem e que nos falaram a respeito de que estamos aqui para aprender, do propósito superior de nossas vidas, mas que, ao mesmo tempo, nos permitem prosseguir numa situação se assim o desejarmos. Eles têm o cuidado de não eliminar nossas lições. Se estivermos avançando na direção de algo que irá nos ensinar uma lição valiosa porém difícil, eles poderão nos mostrar maneiras mais alegres de aprender a mesma coisa. No entanto, se resolvermos persistir no caminho original, eles não tentarão impedir-nos. Cabe-nos escolher a alegria, mas caso aprendamos melhor através da dor e do esforço, os guias espirituais não os afastarão de nós. Nossos filhos precisam saber que "o homem sequioso de prazer, sentindo-se atormentado por necessidade imperiosa, irresistível, uma excitação espantosa que vivifica seu organismo e um fogo ardente que abrasa seus órgãos" está também acompanhado de entidades muitas vezes perversas. Nós, os pais, precisamos lembrar que estas informações ainda não estão disponíveis nas universidades. No futuro a "Nova Universidade" estará aberta aos temas do espírito, ela será erguida com uma Ciência que investigará os conceitos da Filosofia e que trará de volta a idéia de Deus. Uma Ciência que além de inquirir como são as coisas, intenta responder ao porquê. Com uma Filosofia de caráter científico e uma Ciência com conseqüências religiosas.
"No quadro dos valores racionais, Ciência e Filosofia se integram objetivando as realizações do Espírito. Completam-se como dois grandes rios, que servindo as regiões diversas, na esfera de produção indispensável à manutenção da vida, se reúnem em determinado ponto do caminho, para desaguarem, juntas, no mesmo oceano que é o da sabedoria."
Temos que nos esforçar para participar desta revolução do pensamento se não desejarmos continuar no papel de comparsas da tirania e da destruição. Daí a necessidade da Ética que ilumine as consciências na melhoria das características morais do homem. A assimilação de um novo paradigma é lenta e difícil porque demanda abertura mental, estudo, reflexão e crítica. Haverá resistência, principalmente pela exigência de mudanças ético-morais. Mas, é necessário mudar. A sociedade anônima, o "levar vantagem em tudo", gerou a indiferença nas relações sociais e o caos na sociedade.
Há indícios de que esta revolução esta em curso até entre nós. Soubemos que 350 alunos da USP, aos sábados, freqüentam um curso, na universidade, que discute as questões do espírito, definido como o fez Allan Kardec. A discussão do "post-mortem" não pode ser ignorada, pois exerce influência sobre as questões de Ética. A democracia no mundo e as necessidades de cooperação econômica desembocam na manifestação livre das diversas culturas, induzindo o mundo ocidental a ampliar o seu universo cultural. Há uma revalorização da importância da religião, enquanto agente de movimentação social.
A revolução é agora e começa quando abrimos as portas à ética e à fé. A fé, que terá "por templo o universo, por altar a consciência, por imagem Deus e por Lei o mandamento do amor em ação, resumido por Jesus na categoria do próximo". A fé que atua pelo amor. Na sociedade, assim organizada, ninguém será coisificado, ninguém morrerá de fome. Nas entrevistas (2) as "vendedoras de prazer" disseram: " Um dia quero constituir uma familia". Os pesquisadores comentam que subjaz nessa atitude de querer integrar-se a uma familia uma grande contradição, uma vez que grande parte de seus clientes são homens casados. Nossas filhas precisam ser alertadas para essas coisas. Mesmo que essa formação se concretize, isso não quer dizer que ela vá experienciar uma relação eu-tu junto ao seu cônjuge de forma plena e presente.
Há necessidade de ajudar os casais na sua escalada evolutiva, para que possam entender e ajudar seus filhos a entenderem também que a sexualidade (6) deve ser vista num contexto amplo, não apenas genitalizado embora não prescinda dele. Apesar de situado no nível instintivo, possui a bússola da razão que o orienta para o outro, como pessoa inteira. Orienta-o para a relação, o diálogo, na luta evolutiva da substituição do amor captativo, infantil, pelo oblativo, altruísta. A sexualidade é nobre e enriquecedora. É uma das dimensões fundamentais do espírito, quando pode comportar-se como ser sexuado, reencarnando como homem ou mulher, formando assim os "dois pólos de cuja tensão e oposição brota o fenômeno da existência humana", a perpetuação da espécie.
Nos subsídios para implantação e desenvolvimento da Campanha "Viver em família" (3) encontramos na sua fundamentação doutrinária a questão 208 de "O Livro dos Espíritos". Nela os guias espirituais dizem que "os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho." Desta forma surge no Temário da Campanha o item de número 9, Desequilíbrios no Lar - Prostituição e Promiscuidade." Diante desta advertência cabe-nos a ajuda mútua.
Vamos oferecer aos nossos filhos uma religião amadurecida, aquela bem diferenciada através de um processo consciente de autocrítica, aquela que tem grande poder transformador. Aquela que como diz Allport leva o homem ao amadurecimento quando é dinâmico sem ser fanático ou compulsivo em seu comportamento religioso. Aquela que produz uma condição de coerência entre o que o homem crê e o que diz. Aquela que é tolerante e pronta a reconsiderar sua própria condição. Aquela que será sempre uma busca da verdade integral. A questão agora é a revolução do pensamento no autoconhecimento levando em conta o invisível, o impalpável, o imponderável e o admensional, com Ética, na busca da verdade. Impossível não lembrar o Professor Newtom de Barros (1) numa sessão histórica, no Grupo André Luiz (RJ). Deixemos o Professor contar:
- "Pela voz direta, comunicou-se a Mãezinha: Estou chegando das regiões umbralinas... André Luiz e Mãe Narciza convidam os últimos habitantes ávidos de regeneração... André Luiz olhava no chacra coronário e jogava uma rede... Pescador de almas... Lembrei-me de Pedro e André em Tiberíades. Meu filho atendeu ao meu chamado... Vai reencarnar... Última oportunidade... Daqui a uns quinze anos vocês, talvez, encontrem um jovem, cabeludo, mal lavado, andando pelas ruas, sem destino, sem vontade de trabalhar... Talvez, procurando sexo e tóxicos... Tenham piedade dele... Por certo é o meu filho... em última oportunidade...
Aquela mãezinha, falando de voz direta, graças à mediunidade de Peixotinho, jamais saiu de minha retina, pois destaquei o vulto semi-apagado na penumbra da sala de ectoplasmia. Nas salas de aula desses cinqüenta e tantos anos de magistério, sempre olhei o adolescente, apiedado... E ouvia Jesus na página maravilhosa de Boa Nova:
- Pedro, eles não são pecadores... Eles são somente frágeis...
E a fragilidade se mistura com os nossos conhecimentos de Física, de Química, de Biologia, de Psicologia...
E as vontades? Como despertar as vontades? Como fortalecer os frágeis? Como ativar as vontades para querer o melhor para os próprios espíritos?
Mas sobe à superfície da memória a Parábola do Semeador:
- O Semeador saiu a semear... Atirou as sementes, amorosamente... Umas caíram na terra escaldante e feneceram... Outras caíram ao alcance dos pássaros e foram deglutidas... Outras cresceram entre espinheiros e foram sufocadas... Mas outras caíram em terreno fértil... E produziram uma por trinta... uma por sessenta... Uma por cem... E deram muitos frutos bons...
Bezerra de Menezes desceu de alturas não mensuráveis e nos disse pelas mãos sagradas, de Francisco Cândido Xavier: A legenda de agora é kardequizar... Semear as sementes escolhidas... E confiar na fertilidade dos terrenos..."
"Agora é ação!" Vamos escolher as sementes juntos!
Não sofreremos, no futuro, por causa da omissão.
Nossos erros serão perdoados! (Luiz Carlos Formiga)
Referencias bibliográficas
1. Barros, N. G. "Macaé Espírita" - Nov/1990
2. Bruns, M.A.T. & Gomes Jr, O.P. Prostituição. O discurso de quem se vende e o silêncio do seu comprador. Revista Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, 8 (4): 1996.
3. Campanha "VIVER EM FAMÍLIA". Subsídios para implantação e desenvolvimento. Reformador, março de 1994.
4. Costa, D.P. E a afetividade (Editorial). Revista Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, 8 (4): 1996
5. Formiga, L.C. Proposta indecente. Jornal Espírita, São Paulo, 219 (XIX): 2, Novembro, 1993.
6. Formiga, L.C. "DORES, VALORES, TABUS E PRECONCEITOS" "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos", Edições CELD, RJ.RJ, maio, 1996
7. Formiga, L.C. Educação Sexual: na família ou na escola. Folha Espírita, dezembro de 1996.
8. Revista de Cultura Espírita "Nueva Generacion", Guatemala, C.A. 5 (18): 3-6, abril-junio, 1995.
|
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.23.htm
|
Dr. LUIZ CARLOS D. FORMIGA é professor universitário da UFRJ e UERJ, aposentado.
* Núcleo Espírita Universitário
LUIZ CARLOS FORMIGA
Enviado por Juli Lima em 13/12/2009
Alterado em 17/10/2021
|